sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Um dos campeões de audiência

O jornal O Estado de S. Paulo publicou, hoje, em seu site, uma entrevista com José Bonifácio de Oliviera Sobrinho, o Boni. Homem de televisão, ele ajudou a construir a TV Globo como a conhecemos hoje.

Na década de 1960, ao lado do então produtor executivo Walter Clark (1933-1997), com quem trabalhara na TV Rio, tornou a emissora carioca campeã de audiência com a primeira colocação no IBOPE.
Boni e Clark lançaram o modelo de grade de programação que perdura na tevê passados mais de 40 anos. Instauraram o Padrão Globo de Qualidade, o rigor técnico - embora não limitado a isso - na produção audiovisual.

Boni fez e é a história da TV brasileira*. Atualmente, o empresário mora no Rio de Janeiro e comanda a TV Vanguarda, afiliada da Rede Globo no interior de São Paulo.

No vídeo abaixo, nota-se um trabalho de gravação e edição que dispensa cores e usa o P&B; abusa de planos bem fechados, de outros com teto exagerado; varia o enquadramento para manter o entrevistado o tempo todo em quadro - não há imagens de apoio.

A narrativa é monóloga. Suprimiram as 29 perguntas do Questionário de Proust. Percebem-se todas as nuances da fala: pausa, sorrisos, respiração.

A produção afasta-se, assim, do modelo da TV convencional - com muito intervenção do repórter - e admite certa experimentação, algo ainda raro na produção audiovisual disseminada na internet. Acho que o próprio Boni deve ter gostado.

TV ESTADÃO

RAIO X
Por Adriana Plut
Edição Bruno Salvagno


*Outros meios: livro

Quem se interessar pelo passado da televisão no Brasil, e quiser saber detalhes internos da formação da TV Globo, pode ler o livro O Campeão de Audiência (Editora Best Seller, 1991). Uma autobiografia de Walter Clark escrita com o jornalista Gabriel Priolli.

A edição está esgotada. Procure em sebos. Caminho: Estante Virtual.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Pesares da união Itaú-Unibanco


Até o fim de agosto, o cliente Unibanco precisará de muito bom humor

Chegou, hoje, meu cartão Itaú. Na semana passada, eu havia recebido um comunicado, remetido pela instituição bancária em que mantenho meus rendimentos, que mais parecia uma notícia atrasada. Dizia que, a partir deste mês, minha agência Unibanco passaria a operar sob a bandeira do Itaú.

A correspondência enviada a minha residência trazia no título a sugestão Veja o que muda para você. E eu, como qualquer cliente ávido por melhorias no sistema de atendimento dos bancos, li a carta explicativa até o final.

O intuito do texto era informar que nada de substancial mudaria para mim. Muito pouco. Apenas adereços, marcas, cores... Afora os novos números identificadores de minha conta, senhas e cartões, tudo continuaria igual. Inclusive meu saldo. Será?

Quem procura... Pois que me coloquei a verificar os últimos extratos de conta corrente e... Pronto! Achei.

Faz exatos três anos, neste mês de agosto, que me tornei correntista do Unibanco. À época, tive de abrir conta em uma instituição que atendesse ao meu antigo empregador. O mesmo motivo me levara a abrir, pela primeira vez na vida, uma conta corrente.

Ex-BB. Antes disso, eu era cliente do Banco do Brasil. O BB não me agradava muito. Bastava um motivo: o mau atendimento, sobretudo, nas agências bancárias - aquilo também conhecido como "mal do funcionalismo público", quando se tem de contar com a boa vontade do indivíduo do outro lado do balcão. Fui vítima dessa síndrome na Academia (vocês já vão deduzir o por quê). E digo isso sem ofensas - minha mãe e minha avó paterna são funcionárias públicas, da Prefeitura e do Estado do Rio de Janeiro, respectivamente.

Mantive meus rendimentos no banco federal desde que entrei como estagiário na FIRJAN (era cômodo pois havia uma agência exclusiva no mesmo prédio da Rua Santa Luzia, no Castelo, Centro do Rio) até quando me desliguei da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Para receber qualquer bolsa na Universidade do Brasil, antigo nome da UFRJ, o aluno deve manter uma conta no BB.

Mediante a melhor atenção recebida na União dos Bancos Brasileiros - sim, no Unibanco -, extingui vínculos com o BB. Afinal, teria tarifa zero, cartão de crédito sem anuidade e algumas outras vantagens que já não lembro.

Quase dois anos depois da abertura, voltei à agência no Jardim Botânico uma única vez para abrir uma conta poupança, o que foi sugestão oportuna da recém empossada gerente. Esse fato melhorou o relacionamento e evitou visitas à longínqua agência - moro em Jacarepaguá, a cerca de 30km de lá e a mais de 1h30 de engarrafamento.

Sempre recebia balanços mensais dos investimentos; usava o internet banking e o banco pelo celular para fazer consultas, pagamentos ou o que precisasse. Novos hábitos. Muitos deles adquiridos, porque o grande "porém" do Unibanco era a falta de agências. Como cliente, apenas isso me incomodava.

Fusão. Vibrei quando li a notícia da fusão do Unibanco com o Itaú - que, a posteriori, se mostraria uma incorporação do primeiro pelo segundo; um negocião de cifras inimagináveis.

Em toda esquina tem um Itaú. De acordo com os próprios, seriam "mais de 3.900 agências e 30.000 caixas eletrônicos a meu dispor", e acabara de me tornar correntista do maior banco do hemisfério sul. Era como se eu recebesse uma solução com o selo TABAJARA, anunciada com o famoso "Seus problemas acabaram...".

TABAJARA virou o Unibanco. Pela primeira vez, fiquei na rua. Sem dinheiro. Sem cartão. Sem caixa eletrônico. Praticamente pelado. Era domingo, e por encontrar com outros correntistas Unibanco que tentavam sacar cédulas (sem sucesso) em uma agência Itaú - todos "vendidos" - percebi que o sistema estava fora do ar.

Uma semana depois, meu cartão de crédito foi clonado. Só notei o delito quando conferi a compensação do pagamento da fatura mensal pela internet. Denunciei. Dias depois consegui o estorno. Eram quase R$ 1.700,00 parcelados em 12 vezes.

Sucata. Eu já havia percebido os sinais de novos tempos. Os terminais de autoatendimento estavam sucateados. Ficaram com pouca ou nenhuma manutenção nos últimos meses, justamente por conta da sistemática e ostensiva substituição do azul e verde pelo azul e laranja.

Fui obrigado a começar a usar agências do Itaú, com um sistema de integração ainda imperfeito, o qual sequer reconhece quando se encerra a operação.

Mas o grande achado, o revoltante, foi um novo débito em conta. Uma taxa a mais. Daquelas quase imperceptíveis. A capitalização Mega Plin aumentou. Pago um valor fixo por mês, que passou a ser maior. Só esqueceram de avisar. Li algo a respeito no site, mas ainda preciso entrar em contato para saber o motivo. Antes que seja tarde e minha gerência mude também.

E eu queria? Detalhe final: não me perguntaram se eu queria ser cliente Itaú. A adesão foi automática, e a mudança imperativa. Tanto quanto o esforço de paciência e bom humor que, por ela, se faz necessário.