Hoje, dia 21 de junho, comemora-se o dia mundial do skate, uma forma de manifestação política e esportiva criada na internet por skatistas com o apoio da indústria do skate. Desde 2003, skatistas se reúnem a cada 21 de junho num feriado não-oficial do esporte, para curtir e celebrar o prazer de andar de skate.
Sob certa ótica, é uma forma de ativismo inserida no grupo englobado pela sigla DIY - Do it yourself - o "faça você mesmo", que consiste em fazer suas próprias escolhas, seus utensílios, ou seja, colocar a mão na massa... Tudo aquilo que é necessário na sua vida pode ser conseguido por você. Assim, adeptos que vivem o skate e também do skate, atletas profissionais e amadores, empresas e marcas defendem este esporte tão marginalizado no espaço urbano.
Por mais que num primeiro olhar pareça contraditório ou negativo, para as empresas que formam a Associação Internacional das Cias de Skate (IASC) é uma forma de projeção e exposição positiva, associada a valores intangíveis - prazer, bem-estar, diversão, criatividade, promoção da cultura do skate, iniciativa de vanguarda e desobediência... Uma eficiente ferramenta de marketing esportivo, à medida que também promovem o uso dos produtos que vendem. Afinal, é de um ciclo de uso, desgaste e reposição - de um tênis, uma peça do skate ou outro produto qualquer - que as indústrias sobrevivem.
O DIY está em voga. A gigante NIKE – depois de lançar sua linha de tênis, roupas e acessórios para skatistas, a NIKE SB (já investe também no surfe, projeto NIKE 6.0) –, apostou na produção de Alexandre Vianna, o documentário recém lançado “Dirty Money” (baixe aqui). O filme do editor da revista CemporcentoSKATE retrata o DIY e a cena underground do skate em São Paulo, no início da década de 90.
Existem outras campanhas do tipo, como o ativismo político do "Buy Nothing Day" – dia de não comprar nada, que faz parte do grupo ligado ao Anticonsumismo.
A MTV veiculou no intervalo de sua programação, há poucos anos, a peça comercial - ou seria anticomercial? - "Desligue a TV e vá ler um livro". Com isso incentivava os telespectadores a lerem mais, a gastarem seu tempo livre com mais cultura; em detrimento de assistirem aos seus programas - o que poderia, indiretamente, gerar prejuízos financeiros e menos receita para a própria, caso a audiência diminuísse.
Tudo isso é parte de uma cultura nova, mais politizada, de rede e independente, que deve ser mantida em seus princípios, sem compromissos comerciais com as grandes corporações.
No mundo do skate, se faz a sessão dos sonhos. Juntam-se os amigos e parte-se para os melhores picos, ou para os locais secretos. Celebra-se o skate andando de skate!
Hoje é dia de andar de skate por diversão. Dia de colocar o skate na veia e nas ruas. Skate não é crime.
* Esse texto é uma reprodução da postagem sobre o mesmo tema que escrevi, há dois anos, no antigo blog O Radical Livre. É cópia fiel, à exceção dos escritos em itálico, que atualizam datas, informações e ortografia.
